Existem pouquíssimas coisas que podemos dizer para os outros. Algumas são duras demais para escaparem da prisão crítica de nossa auto-censura. Muitas simplesmente nos envergonham. Outras coisas, teimosamente, insistem em prender-se em nossas gargantas e em nos sufocar.
Eu tenho um talento especial em sufocar-me com as palavras. Como se nada fosse me atingir, pelo simples fato de calar-me. A verdade é que eu estou intoxicada com meu silêncio. Você acaba se afogando em segredos, mais cedo ou mais tarde.
E a dor, a dor persistente que você teimava em ignorar, apenas cresce e exige atenção. Neste momento, é tarde demais para que eu busque ajuda. Há tempos comecei a afogar-me, e jamais quis sair das águas turbulentas da memória.
Resta-me provocar um dilúvio. Restam-me as palavras. Incompletas e desconexas, como as de uma demente.
A sanidade escapou-me pelos poros.
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