terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ceifar


Quem poderia imaginar? Como poderíamos imaginar? Com uma crueza inacreditável, vem a foice.

– Supere – dizem-me, como se fosse imperativo não apenas superar, como também esquecer. – Ele se foi.

Ainda te procuro em cada palavra tua, a cada esquina sigo teus passos.
Refaço os passos que percorríamos todos os dias.
Danço e me lembro.

Sento-me sob a mesma árvore, testemunha de nossas juras apaixonadas.
Minhas lágrimas nunca foram tão sentidas.

Nem no dia em que te foste.
Ontem, sonhei que levava flores. Os mesmos jasmins-testemunhas do nosso encanto. Nosso encanto, que deveria ser eterno. Quando acordei, me vi confundindo o sonho com a realidade, e me senti na obrigação de visitar teu túmulo.

Dormi sobre mármore frio esta noite.
E fui deixada com o maior dos desalentos.